'Nunca tinha visto uma pessoa em estado tão fora do normal', diz delegado sobre homem que matou pai e filho

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Polícia chegou ao local do crime, o apartamento na Rua Floriano Peixoto, às 7h30min de sábado

Responsável pela Delegacia Regional de Santa Maria, Sandro Meinerz atua na investigação do assassinato de pai e filho, na manhã do último sábado, no Centro de Santa Maria, desde o primeiro momento. Policial com longa experiência, ele afirmou que "nunca tinha visto uma pessoa (Diego Fontoura) em um estado tão fora do normal".

_ A princípio, ele teria ingerido substâncias entorpecentes. Há drogas estimulantes, tipo a cocaína ou crack, que podem ter efeitos parecidos, mas também pode ser uma droga sintética, como o LSD e o êxtase, que causam irritação, perda de consciência, paranoia e convulsões. Alguma substância ele ingeriu, agora queremos saber o tipo e a quantidade. Talvez até uma droga nova, mas temos que analisar tudo com calma agora - explica Meinerz.

Diego Fontoura, 29 anos (foto ao lado), ainda estava internado sob custódia da polícia na UPA, no sábado, quando foi identificado pela mãe. Ele morreu na madrugada de domingo, no Husm, possivelmente por overdose. A mãe dele mora em Santa Maria e contou à polícia que ele começou a apresentar problemas de comportamento no Ensino Médio.

- Como as imagens começaram a circular nas redes sociais, essas imagens chegaram à família. A própria mãe foi até a UPA e, lá, conversou com os policiais e identificou o filho. Ela disse que fazia tempo que não via o filho e que ele teria chegado na cidade na quarta-feira, aparecido na casa dela com uma mulher, e depois não o viu mais - informa o delegado.

Conforme o delegado, Fontoura tinha um histórico de ocorrências policiais na cidade envolvendo tráfico de drogas, porte de entorpecentes e roubo.

- Ele já foi preso duas vezes, uma em 2015 por roubo à residência e outra em 2016 por tráfico. Nessa última, ficou preso quatro meses na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm). Depois de ser liberado, ele ainda teve envolvimento em outras ocorrências. No Rio Grande do Sul, ele tem ficha até outubro de 2016. Depois, não há mais nenhuma ocorrência em nosso sistema. Segundo a mãe, foi nessa época que ele foi embora da cidade e teria se mudado para Florianópolis - afirma Meinerz.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com o delegado, há, ainda, muitos pontos a serem esclarecidos diante dos crimes ocorridos. Não se sabe, ao certo, se Diego chegou a bater na porta do apartamento da família ou se a porta já estaria aberta quando ele pulou o muro que dá acesso ao pátio do prédio.O mais provável é que quando o rapaz chegou, o Gilberto já estava com a porta aberta, e isso acabou facilitando a entrada dele na casa. Na cabeça dele, ele estava sendo perseguido e estava fugindo de alguém - comenta o delegado.

A investigação ainda tenta elucidar outros fatos: a procedência da arma utilizada nos crimes (Diego estava armado com uma pistola 9mm); com quem ele manteve contato desde que chegou a Santa Maria, na quarta-feira; que tipo de droga ele ingeriu e o local onde ele estaria dormindo.

O material coletado na perícia toxicológica foi enviado para análise em Porto Alegre e os resultados devem ser divulgados em até 30 dias. A polícia já solicitou imagens de câmeras de vigilância de prédios vizinhos e de estabelecimentos próximos ao local. Vera Lúcia Brazil, que sobreviveu ao ataque do atirador, deve prestar depoimento após receber alta do Husm. A mãe de Diego também deve ser ouvida.

Devido à comoção popular em relação ao caso, a preocupação da polícia também é em relação a sensação de insegurança na cidade:

- Esses fatos são completamente isolados, nunca havia acontecido um fato assim em Santa Maria. É totalmente incomum e dificilmente vá acontecer de novo. Não queremos criar uma histeria na população - diz o delegado.

CRONOLOGIA DOS FATOS

5h - O atirador teria abordado Marcelo em frente ao Pingo de Fome, na Rua Floriano Peixoto. Ele levou um tiro no peito e correu para dentro do estabelecimento. Só então percebeu que estava ferido. Ele foi socorrido por um amigo e levado ao Hospital de Caridade, onde segue internado em observação. O projétil da pistola perfurou o pulmão e saiu pela axila direita. Apesar de ter três costelas quebradas, não precisou passar por cirurgia. Deve receber alta ainda essa semana.
5h30min - Segundo o delgado, ele teria entrado por volta desse horário no apartamento da família e, logo em seguida, atirado contra Gilberto e contra Gabriel. Vera, que também foi atingida, conseguiu se esconder dentro do quarto do filho e, de lá, enviou mensagens por celular a um parente.
6h39min - Horário em que a primeira mensagem de Vera é enviada a um familiar, pedindo socorro. A Brigada Militar só teria sido acionada após esse contato pela internet.
7h - Os primeiros policiais militares chegaram ao local e tentaram identificar se o atirador ainda estava dentro da residência.
7h30min - Chegada da Polícia Civil ao local. Primeiramente, acreditava-se que Vera era refém de Diego.
8h - Vela Lúcia foi retirada de dentro do apartamento próximo das 8h de sábado, e encaminhada para atendimento médico no Husm.
8h30min - Após a entrada da polícia Diego é retirado do apartamento e levado para a UPA. Segundo a polícia, Diego estava sentado no chão, no canto do quarto do casal e não demonstrou nenhuma resistência. O cômodo foi completamente destruído e o atirador estava desarmado, coberto de fezes e grunhindo.

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